Lindos cabelos amarelos se divertem ao sopro do vento que vem do sul;
Brincam como crianças, livres no parque durante um dia de céu azul;
Pele clara, pouco bronzeada, pelo rei fogo, que atravessa o céu para se por no horizonte;
Isso faz-me lembrar de minha juventude, pois agora sou um velho decrépito;
Olhos castanhos como mel, um alimento da abelha que adoça minha boca;
Que antes era doce e agora se faz azeda igual ao limão de minha salada;
Uma voz suave como uma melodia, lembra-me o som da cachoeira de minha vida;
O corpo pequeno, mais sabe desfilar bem na passarela do tempo;
A dona desses traços é uma garota que nunca vi, nunca conheci ou ao menos encontrarei;
Ela lembra com seus delicados traços, a agradável e amorosa irmã que nunca tive;
Pois já idosa de filhos grandes, deitada na cama, os anjos de Deus a levaram;
Hoje na fumaça do veneno que consumo toda hora, vejo seu rosto se formar e sumir;
Se novamente Deus me desse o prazer de vê-la, seria na forma desta menina;
Que um dia desfilou diante de meus olhos cegos pela idade do século;
Esta menina seria aquela que nunca existiu e já faleceu;
Antes de dormir revejo uma mulher que veio do mesmo ventre que eu um dia;
Quando acordo, abro a janela para ver a doce flor do deserto passar pela rua ardente;
Sob um Sol muito quente que só deseja agradar esta flor;
Depois volto ao meu repouso para lembrar minhas antigas vidas.
Perfect